quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Encontro inesperado, não marcado,
e se possível fosse, adiado...

Em 2009 me encontrei com a morte! Não foi um encontro marcado, como afinal não se espera que seja. Mas ela andou pela família e escolheu a minha avó, a minha amada e adorável Vó Nina. A morte sempre foi pra mim uma palavra que causava calafrios, era cinza e combinava com dias chuvosos e tristes. Detestava saber de notícias de morte trágicas, odiava saber que fulano premeditou a morte e só o fato de ouvir a palavra móóóóóórrrrrrrrrrrrteeeeeeeeeeeee, me deixava a ponto de sair correndo de qualquer lugar para qualquer lugar.

Mas a minha avó me ensinou um versículo que eu sempre ouvi, mas que nunca confiei plenamente, até então, “melhor é o fim, do que o princípio”, pois a minha avó, terminou a vida de uma forma doce, alegre, lúcida, feliz, amorosa e tantos outros advérbios. Também não seria cínico dizer que ela terminou a vida cheia de vida.

Antes de partir, ela abençoou os netos, abriu os olhos para atentamente observar seus 12 filhos vivos, parecia que queria levar consigo e eternamente o último carinho que recebia. E ainda, sentiu o apertar de mãos de muitos amigos e parentes, pessoas que ela amou e foi amada. E seu último suspiro não foi desesperador, foi como quem faz “ai, ai”depois de uma sonora gargalhada, foi como quem levanta as sobrancelhas e se certifica “missão comprida”.

E em seu velório, eu fui capaz de sentir o suave perfume de seus cabelhinhos de algodão, pela última vez, fui capaz de segurar sua mão, pela última vez, fui capaz de chorar e chamá-la várias vezes, minha avó, minha avózinha, pela última vez, fui capaz de admirá-la, pela última vez. Com este encontro, insólito, a primeira vista, descobri que a morte pode ser bonita, aliás a morte só é bonita para quem escreveu uma vida bonita.

E que o motivo deste blog, que começou no meu aniversário de 2008, “celebrar a vida, porque ela é curta mas suave certamente”, vai continuar até meu suspiro derradeiro. Essa é a melhor frase, o melhor provérbio, o melhor conselho que posso seguir.

Descobri também que a morte já não me amedronta mais, mas a saudade e a solidão são impressionantes.Entrar nos lugares em que estive com minha avó, parece que se alargaram, tudo parece cinza escuro... Hoje posso dizer, tenho mais medo da solidão e da saudade que da própria morte. Por isso, nunca é demais lembrar que “todas as minhas lembranças de amor serão suas”...

2 comentários:

Carolina Fernandes Nalon disse...

Eu senti uma epsécie de tarde sublime dentro de mim quando meu avô se foi.

Deyse disse...

Dayse, muito lindo seu texto. Aliás suas produções multimídias e linguagens diversas enchem de significado minha alma. E sabe eu também me sinto com uma dor azul! acho que a gente vem dando força uns aos outros porque de cor em cor vamos colorindo nossos dias. TE AMO. Beijos